CANÇÃO
DA NOITE
Antonio
Lorentz dos Santos
Oh,que
noite fria e silenciosa,
nesta
noite linda do sertão,
com
o clarão da lua cheia,
co'a
à bafugem aflando à areia,
no
rumor duma canção...
Nesta
noite triste sertaneja,
vejo
o luar do meu sertão,
como
é grande o luar da minha terra,
nascendo
no alto da serra,
prateando
as folhas secas pelo chão.
Formou-se
uma butela sombra,nas grutas,
é
o luar que se declinava atrás da serra,
deixando
no escuro o granulo de orvalho,
as
gotas de sereno que cai, como cascalho,
espalhando
por cima da terra.
Lá
no alto daquela serra,
as
neves ficam poisadas,
e
as folhas das palmeiras,
ficam
formando uma zoeira,
com
o vento da madrugada.
No
pico da pedreira,
ainda
vejo o clarão,
clareando
os nevoeiros,
co'os
seus raios derradeiros,
deixando
tudo na escuridão.
Nesta
noite triste e silenciosa,
e
com o luar do meu sertão,
e
co'as neves,gruta,orvalho e pedreira,
com
terra,serra e palmeira,
formei
esta linda canção.
“O
lua formosa,noiva com enxoval doirado,
que
alumias os cafundós do meu rincão,
nas
dobras do teu vestido de seda prateado,
no
seio do céu magnífico e constelado,
escondo,com
arroubo meu coração.
Mas
quando tu te escondes sobre o monte,
quando
tu te apagas,o clarão,
ouço
gemer de angústia a rala fonte,
e
o bacurau piando sobre o monte,
eu
choro de macambuzice e de paixão.”