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quinta-feira, 19 de maio de 2011

A procura dos mistérios do Universo já começou na Estação Espacial Internacional - Ciências - PUBLICO.PT

A procura dos mistérios do Universo já começou na Estação Espacial Internacional - Ciências - PUBLICO.PT

A procura dos mistérios do Universo já começou na Estação Espacial Internacional

19.05.2011 - 20:29 Por Nicolau Ferreira
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O Espectrómetro Magnético Alfa 2 já foi colocado na Estação Espacial Internacional (ISS) e está a trabalhar. O aparelho, que foi construído num projecto internacional com mão portuguesa, foi desenhado para ler raios cósmicos e assim poder detectar partículas de anti-matéria e matéria escura. O AMS-2 (sigla em inglês) foi transportado para o espaço dentro do vaivém Endeavour.
O AMS-2 a ser transportado para a ISS O AMS-2 a ser transportado para a ISS (NASA)
“O AMS ficou espectacular na armação metálica”, disse por rádio o comandante da nave espacial, Mark Kelly, ao Nobel da Física Samuel Ting, líder do projecto que custou 1,37 mil milhões de euros.

O vaivém alcançou a ISS esta quinta-feira, a missão para transportar o espectrómetro do vaivém para a estação teve início às 8h00 da manhã (hora de Lisboa) e terminou às 11h46. O aparelho, que pesa cerca de sete toneladas, foi colocado no lado direito da ISS e começou imediatamente a trabalhar.

A partir de agora, a equipa vai recolher os dados, vindos directamente da ISS, 24 horas por dia, até a experiência terminar em 2020. O detector tem uma abertura onde podem cair os raios cósmicos que estão constantemente a atravessar o espaço. Os vários instrumentos do aparelho vão estudar estes raios cósmicos para detectar partículas de anti-matéria e matéria escura, dois dos maiores mistérios do Universo.

Desde 1928 que se previu a existência de anti-partículas, criadas no início do Universo, mas estas nunca foram detectadas. “No início, o que havia era uma espécie de gás, quentíssimo, denso, feito de partículas e anti-partículas”, explicou ao PÚBLICO Fernando Barão, líder da equipa do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), que está envolvido no projecto internacional desde 1997. Os cientistas do LIP participaram na construção de um dos vários instrumentos do AMS-2 e fazem parte da mega-equipa que vai recolher e interpretar os dados.

“O que nos interessa saber é o que é que podemos fazer de mais preciso, mais eficaz, para tentar encontrar essa anti-matéria”, explicou o cientista. O AMS-2 está preparado para encontrar partículas como anti-hélio, ou anti-carbono, cuja única forma de terem sido produzidas é no contexto de uma estrela feita de anti-matéria. “Se encontrássemos um destes anti-núcleos, isso seria um sinal muito claro que existiria anti-matéria algures”, disse o físico.

O segundo objectivo do AMS-2 é a detecção de sinais que indiquem a existência de matéria escura. Um tipo de matéria que não é observada, ao contrário dos protões, neutrões ou electrões, mas que explica muitos fenómenos no universo como as trajectórias das estrelas.

Segundo o cientista, pode-se pensar que a nossa galáxia este imersa “numa quantidade de matéria escura que está por todo o lado e não se vê”. O AMS-2 não está preparado para detectar directamente a matéria escura, mas espera inferir a partir de outras partículas. “O objectivo é o de observar a radiação cósmica e medi-la da melhor maneira”, disse Fernando Barão.

O facto de o espectrómetro estar no espaço ajuda a alcançar esse objectivo, porque aqui a radiação está intacta. Quando os raios atravessam a atmosfera terrestre, por exemplo, reagem com outras partículas.

Estas primeiras semanas, os investigadores do projecto de Samuel Ting querem garantir o bom funcionamento do aparelho, só depois é que os dados vão começar a ser analisados. O facto de o AMS-2 ficar tantos anos no espaço permite aumentar as probabilidades de detectar partículas mais raras, o que dá uma visão mais completa do que está a atravessar o espaço a cada momento.

“O que seria interessantíssimo é que houvesse resultados completamente inesperados, porque introduzia uma riqueza enorme na discussão científica”, disse o cientista, que espera que haja novidades vindas da experiência ainda este ano.

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