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sexta-feira, 3 de junho de 2011

A SEGUNDA GERRA

Especiais

Polônia, o país mais devastado

 

Os poloneses foram o povo que mais sofreu com a Segunda Guerra Mundial. Também ali a guerra terminou em 1945, mas o final do conflito não significou a libertação do país.

 


Na noite de 16 para 17 de setembro de 1939, tornou-se claro que a Polônia não tinha só um inimigo, mas dois. Desde 1º de setembro − o dia em que começou a Segunda Guerra −, a Polônia estava conseguindo se defender de forma corajosa, ainda que sem sucesso, contra a então ainda poderosa Wehrmacht (Exército alemão).

Até aquela noite, no entanto, não se sabia que a Alemanha e a União Soviética − na verdade, ferrenhas inimigas ideológicas − haviam se aliado num protocolo secreto anexado ao Pacto de Não-Agressão. Segundo este protocolo, Hitler e Stalin pretendiam dividir a Polônia. Naquela noite, o Exército Vermelho cruzou a fronteira oriental polonesa para assegurar sua parte do butim. Iniciava-se um dos mais terríveis episódios de uma história cheia de desgraças.

Em 1945, a Polônia era um país desmantelado. A fronteira ocidental havia sido empurrada 500 quilômetros para o oeste, de acordo com acertos feitos em novembro de 1943 pelo soviético Joseph Stalin com o então premiê britânico, Winston Churchill, e o presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, em Teerã.

Milhões de poloneses que moravam no leste do país foram transferidos para territórios antigamente de domínio alemão. Varsóvia ficou despovoada e em ruínas. Sob o ponto de vista de sua população total, a Polônia foi, entre as nações atingidas, a que mais sofreu perdas humanas.

"Esteira rolante de cadáveres"Menina polonesa chora a irmã morta a tiros enquanto colhia batatas em 1939Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Menina polonesa chora a irmã morta a tiros enquanto colhia batatas em 1939Seis milhões de poloneses morreram no conflito, dos quais mais de 95% civis. Durante seis anos, a Polônia pareceu um "matadouro mecanizado, cuja esteira rolante transportava constantemente os cadáveres de seres humanos assassinados", como disse certa vez o escritor polonês e Nobel de Literatura Czeslaw Milosz.


Situavam-se na Polônia ocupada os principais campos de concentração − Auschwitz, Treblinka, Sobibor, Belzec, Chelmno e Maidanek. Apenas 10% dos 3,3 milhões de judeus poloneses conseguiram se salvar.

Um fato que a perspectiva alemã às vezes deixa de considerar é que não foram apenas os judeus a ser sacrificados pela fúria destruidora dos alemães. Conforme os objetivos de guerra dos nazistas, a Polônia deveria desaparecer como nação. Por isso, a partir de 1939 foi iniciada uma verdadeira caça aos que manifestassem uma ideologia nacionalista polonesa.

Intelectuais, religiosos e nobres foram transportados aos milhares para campos de concentração, ou executados imediatamente. A meta era "germanizar" os territórios poloneses e transformar a população em mão-de-obra escrava.

Luta militar contra alemães e política contra os soviéticosA resistência era combatida de forma cruel pelos ocupadores nazistas. Para cada alemão morto, eram executados cem reféns poloneses. Com o ataque de Hitler à União Soviética, em 1941, ficou claro para a resistência polonesa que a única forma de serem libertados do terror nazista seria a vitória de Stalin. 


Mas o que esta "libertação" significaria revelou-se o mais tardar com o descobrimento das valas comuns de Katyn, perto de Smolensk, em 1943: ali Stalin havia mandado executar mais de quatro mil oficiais poloneses que haviam caído nas mãos do Exército Vermelho em 1939.

A resistência polonesa decidiu-se por duas frentes: contra os alemães travariam uma luta militar e, contra a União Soviética, uma política. Em 1944, quando o Exército Vermelho começou a se aproximar do país pelo leste, os poloneses queriam se apresentar a eles como senhores do próprio país.

Derrotados no levante, mulheres, homens e crianças são escoltados do gueto judeu de Varsóvia em maio de 1943 pela SS 
 Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Derrotados no levante, mulheres, homens e crianças são escoltados do gueto judeu de Varsóvia em maio de 1943 pela SS Planejaram então que, poucas horas antes da chegada dos soviéticos, Varsóvia pegaria em armas para expulsar os alemães. A 1º de agosto de 1944, a resistência polonesa começou os combates contra os nazistas, mas foi deixada na mão pelos soviéticos, pois Stalin recusou-se a ajudar. As tropas soviéticas foram freadas por Moscou do outro lado das margens do Rio Vístula − às portas de Varsóvia − e assistiram a 63 dias de encarniçados combates, com um saldo de 200 mil poloneses mortos.

Trauma nacional de duplo sentido

Os alemães dominaram o levante e expulsaram os sobreviventes da cidade, que estava completamente em ruínas. Hitler determinou até mesmo a implosão do que havia restado de pé, consagrando Varsóvia como a capital mais destruída na Segunda Guerra Mundial.

Até hoje, o levante de Varsóvia não é apenas um trauma nacional, mas também um duplo símbolo da resistência polonesa − contra o terror nazista e contra a opressão soviética. Todos os anos, a 1º de agosto, milhares de habitantes da capital polonesa se reúnem para comemorar a insurreição. Festividades públicas foram repudiadas oficialmente ainda nos anos 80.

1945 foi o ano da libertação do terror alemão. O aniversário de 60 anos desta data é lembrado de forma correspondente pelos poloneses. Mas ninguém esquece que a Polônia não ficou livre em 1945. O regime comunista instalado por Moscou apenas fez com que o terror nazista fosse substituído pelo stalinista.

Muitos poloneses, como mais tarde o ministro das Relações Exteriores Vladislav Bartoszewski, foram prisioneiros tanto de Hitler como depois também de Stalin. Muitos poloneses afirmam hoje que, para a Polônia, a Segunda Guerra Mundial não acabou em 1945, e sim com o final da Guerra Fria, em algum momento ao longo dos anos 80.
emanha

A Segunda Guerra Mundial

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Ao dar início à sua política expansionista, Hitler previu a guerra desde o início. Com a invasão da Polônia, em setembro de 1939, deflagrou um conflito mundial que se estendeu até 1945.

 

 Hitler não se contentou em anexar a Áustria e os Sudetos (em março e setembro de 1938, respectivamente). Sua intenção era dominar a Europa. Depois de desmembrar a Tchecoslováquia, ordenou a invasão da Polônia, em 1º de setembro de 1939. O Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha dois dias depois, cumprindo o acordo de defesa da Polônia. Começava, assim, a Segunda Guerra Mundial, que até 1945 devastou grande parte da Europa.
Josef Stalin, que recusava uma aliança com a França e o Reino Unido, assinara um pacto de não-agressão com a Alemanha em 23 de agosto de 1939. Hitler fez um jogo militar ousado com seus adversários. Sabendo que a vantagem alemã no armamento não se manteria por muito tempo, e que somente uma rápida seqüência de campanhas militares poderia evitar um fracasso semelhante ao da Primeira Guerra Mundial, criou o conceito do blitzkrieg. Danzig (Gdansk), a Prússia Ocidental e algumas regiões que sempre pertenceram à Polônia foram anexadas ao Deutsches Reich após a capitulação daquele país no fim de setembro. Os judeus poloneses foram amontoados em guetos, como o de Varsóvia.
Depois da Polônia, a França
Superestimando o poderio militar alemão nesse momento, o Reino Unido e a França permaneceram na defensiva. Como os adversários não reconhecessem suas anexações no Leste, Hitler iniciou uma campanha em 10 de maio de 1940, invadindo a França depois de ferir a neutralidade de Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Paris foi ocupada pelas tropas alemãs em 14 de junho de 1940.
Embora o primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill propusesse uma união com a França, bem como o prosseguimento da resistência francesa no norte da África, a maioria do gabinete francês decidiu-se por um armistício. Este foi assinado em 22 de junho pelo marechal Philippe Pétain, que dias depois transferiu seu governo para Vichy, no sul da França. Seu regime cooperou com o nazismo. O general Charles de Gaulle, que se refugiara em Londres, anunciou a continuidade da resistência.
Países e regiões ocupados foram colocados sob comando militar alemão; Luxemburgo e a Alsácia Lorena, anexados. No entanto, falharam tentativas alemãs de preparar um desembarque na Grã-Bretanha e de enfraquecer o adversário através de uma ofensiva aérea. Nesse meio tempo, os Estados Unidos passaram a apoiar cada vez mais o Reino Unido.
África, Bálcãs e Grécia
No fim de 1940, o exército britânico iniciou uma ofensiva contra as forças italianas no norte da África. Hitler atendeu a um pedido de Mussolini, enviando uma esquadra à Sicília e, em fevereiro de 1941, uma divisão à Líbia integrando o Afrika-Korps, sob o comando do marechal Erwin Rommel.
Após o fracasso do ataque italiano à Grécia, iniciado em 28 de outubro de 1940, Hitler preparou uma ofensiva de apoio, procurando incluir Hungria, Romênia, Bulgária e os países dos Bálcãs na Tríplice Aliança, forjada com a Itália e o Japão em 27 de setembro de 1940. As tropas alemãs esbarraram em resistência na Iugoslávia e, depois de tomar Belgrado em 17 de abril de 1941, venceram o exército grego. Dez dias depois, entraram em Atenas.
Os preparativos para a campanha contra a União Soviética foram iniciados em julho de 1940. Até meados de 1941, mais de 3 milhões de soldados alemães haviam avançado na região entre o Mar Báltico e o Mar Negro, bem como na Finlândia. Além dos objetivos militares, Hitler queria aplicar seu programa racial. Convencido da superioridade da raça ariana, ele determinou, a partir de 1941, o extermínio sistemático dos judeus, a dizimação da população eslava e a aniquilação da liderança comunista. Um plano geral para o Leste, elaborado pela cúpula da SS, previa a expulsão e o traslado de milhões de eslavos e uma gradual germanização da Europa Oriental.
O governo soviético não fez grandes preparativos de guerra, apesar das advertências. Stalin não acreditava que Hitler atacasse a Rússia antes de encerrar a campanha na frente ocidental. Em vão, tentou negociar com Hitler, a fim de ganhar tempo para armar o Exército Vermelho e mobilizar de 10 a 12 milhões de reservistas.

Calendário Histórico

1939: Alemanha invade a Polônia

 

A invasão da Polônia pelas tropas de Hitler marcou o começo da Segunda Guerra Mundial, na madrugada de 1º de setembro de 1939.

 

A Alemanha, derrotada na Primeira Guerra Mundial, havia perdido seus territórios ultramarinos, a Alsácia Lorena e parte da Prússia. As altas indenizações impostas pelos Aliados causaram o colapso da moeda e desemprego em massa, fatores que, explorados pelos nazistas, contribuíram para o fortalecimento de Hitler no poder (assumido em 1933).
As relações entre a Alemanha e a Polônia já eram tensas desde a República de Weimar. Nenhum governo do Reich nem partido alemão concordava com a nova delimitação da fronteira leste do país (com um corredor polonês, neutro, separando o país da Prússia Oriental), imposta no Tratado de Versalhes.
Ambicionando as matérias-primas da Romênia, do Cáucaso, da Sibéria e da Ucrânia, Hitler começou a expansão para o Leste. Embora as potências ocidentais temessem o perigo nazista, permitiram seu crescimento como forma de bloqueio ao avanço comunista soviético.
Conquistas passo a passo
Em 1935, a Alemanha havia reiniciado a produção de armamentos e restabelecido o serviço militar obrigatório, contrariando o Tratado de Versalhes. Ao mesmo tempo, aproximou-se da Itália fascista de Benito Mussolini; de Francisco Franco, na Espanha; do Japão; e anexou a Áustria (Anschluss), em 1938, por tratar-se de um povo de língua alemã.
No ano seguinte, com a conivência da França e da Inglaterra, incorporou a região dos Sudetos, que abrigava minorias alemãs, na Tchecoslováquia. Por fim, aproveitou o ceticismo ocidental em relação à União Soviética e assinou com Josef Stalin um acordo de não-agressão e neutralidade de cinco anos.
Estava aberto o caminho para atacar a Polônia, exigindo a devolução da zona conhecida por "corredor polonês" e do porto de Danzig (neutra, a atual Gdansk).
Diante da negativa da Polônia em ceder Danzig, as tropas alemãs invadiram o país em 1º de setembro de 1939 e travaram uma guerra-relâmpago (blitzkrieg) com a frágil resistência local. Dois dias depois, a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha, fazendo eclodir a Segunda Guerra Mundial.
 

Cronologia da Segunda Guerra Mundial

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A Segunda Guerra Mundial começou com a invasão da Polônia por tropas alemãs, a 1º de setembro de 1939. O conflito, travado principalmente entre os Aliados e as potências do Eixo, foi o que causou mais vítimas em toda a história da humanidade, atingindo países em todos os continentes.

As principais potências aliadas foram a Inglaterra, os Estados Unidos, a União Soviética e a França. O Eixo foi formado pela Alemanha, a Itália e o Japão.

Até seu final, em 1945, a guerra teve um saldo de 27 milhões de soldados e em torno de 25 milhões de civis mortos, entre os quais cerca de seis milhões de judeus vitimados pelo Holocausto. Várias cidades ficaram em ruínas, principalmente na Alemanha e no Japão.

Como conseqüência do conflito, a Alemanha e o Japão – mas também a França e a Grã-Bretanha – perderam importância política global. Os Estados Unidos e a nova superpotência União Soviética consolidaram sua hegemonia ao dividir a Europa em duas zonas. Seguiu-se o período conhecido como Guerra Fria.

Acompanhe aqui os principais fatos que marcaram a Segunda Guerra Mundial:

1937

7 de julho − Uma troca de tiros entre soldados japoneses e chineses em Pequim é usada como pretexto por extremistas militares japoneses para iniciar a guerra entre o Japão e a China. Este conflito se estende até 9 de setembro de 1945.

1939

23 de agosto − Assinado o pacto de não-agressão entre Hitler e Stalin: a Alemanha e a União Soviética se comprometem a não atacar uma à outra e a se manter neutras se uma delas for atacada por uma terceira potência.  Só muito mais tarde se tornaria pública uma cláusula secreta prevendo a eliminação de alguns países, como a Polônia.

1º de setembro − Tropas alemãs invadem a Polônia. Começa a guerra.

3 de setembro − Grã-Bretanha e a França declaram guerra à Alemanha.

5 de setembro − Estados Unidos declaram neutralidade.

17 de setembro − União Soviética invade a Polônia.

27 de setembro − Varsóvia rende-se aos alemães.

28 de setembro − Ministros de Relações Exteriores da Alemanha e da União Soviética assinam em Moscou a divisão da Polônia.

A estrela amarela de seis pontas tornou-se obrigatória para os judeusBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  A estrela amarela de seis pontas tornou-se obrigatória para os judeus12 de outubro − Os primeiros judeus são deportados pelo Deutsches Reich para a Polônia. Duas semanas mais tarde, a SS (Schutzstaffel – tropa de elite) obriga os judeus a portar de forma visível a estrela de Davi (símbolo do judaísmo).

8 de novembro − Atentado fracassado contra Hitler em Munique.

14 de dezembro − União Soviética é excluída da Liga das Nações após ter atacado a Finlândia.

Museu em Gdansk lembra invasão da Polônia pelas tropas de Hitler

 

Há quase 70 anos, o Exército alemão invadia a Polônia. Pawel Machcewicz, diretor do novo Museu da Segunda Guerra Mundial, a ser inaugurado na polonesa Gdansk, fala sobre o sofrimento do povo de seu país no conflito.

 

Deutsche Welle: Em Gdansk, o lugar onde começou a invasão da Polônia pela Alemanha de Hitler, deverá ser erigido, sob uma perspectiva europeia, um Museu da Segunda Guerra Mundial. O que poderá ser visto nesse novo museu?
Pawel Machcewicz: Não queremos mostrar a guerra do ponto de vista militar, mas sim sob a perspectiva da população civil. Queremos mostrar o sofrimento das pessoas, mas também a resistência, que nem sempre foi militar. O Estado polonês clandestino era, em grande parte, uma instituição civil, com escolas funcionando secretamente e até mesmo tribunais secretos.
Queremos mostrar também o caminho que levou a essa guerra, resultado da ideologia criminosa do Terceiro Reich, sem a qual não podemos compreender nem a radicalização da guerra nem a política alemã de ocupação. Queremos mostrar que esta guerra foi, desde o início, uma guerra de extermínio. Com isso, corrigimos a interpretação formulada com frequência de que a brutalidade da guerra teria começado somente com a invasão alemã da União Soviética.
Não foi assim e é o que queremos mostrar. E pretendemos expor também as consequências da guerra, que foram muito diferentes para a Europa Ocidental e para o Leste Europeu. Para a Europa Ocidental, o fim da guerra foi uma libertação. Não estou falando aqui da Alemanha, onde a situação era mais complicada, mas, por exemplo, dos franceses ou holandeses.
Para a Polônia, ao contrário, o fim da guerra foi somente o fim da ocupação alemã, mas liberdade não obtivemos. No Ocidente, esse paradoxo parece pouco compreensível, mas, para a Polônia, e também para vários outros países do Leste Europeu, a Segunda Guerra Mundial só acabou realmente em 1989.
Sua ideia já foi criticada várias vezes na Polônia. Jornalistas da imprensa nacionalista e conservadora, mas também políticos conservadores ligados ao presidente Lech Kaczyński, e seu irmão Jaroslaw, o acusam de ter, com a perspectiva europeia do museu, negligenciado o sofrimento do povo polonês e também a resistência heróica contra a ocupação alemã.
Essas acusações não têm nada a ver com a realidade, nem com a nossa proposta. Houve protestos até mesmo contra a ideia de que fôssemos além da perspectiva polonesa. Mas a Segunda Guerra não foi uma experiência apenas polonesa e sim europeia. Estou convencido de que destinos especificamente poloneses até ganham importância quando apresentados em comparação com outros países.
Só podemos, por exemplo, compreender o significado do Estado polonês clandestino e das grandes conspirações contra a Alemanha de Hitler, e também contra a União Soviética, quando comparamos esses episódios com outras formas de resistência na Europa Ocidental. Os ataques ao nosso projeto tinham objetivos muito políticos. A oposição nacional-conservadora acreditava ter descoberto aqui uma possibilidade cômoda de atacar o premiê Donald Tusk, que apoia o projeto.
Somente o fato de trabalharmos junto com outros historiadores europeus – Ulrich Herbert da Alemanha, Norman Davies do Reino Unido e Henry Rousso, da França – já era, para alguns grupos na Polônia, razão suficiente para repudiar o projeto como um todo.
Na Alemanha, entre as associações de desterrados, a ideia do museu vem sendo também observada e em parte criticada. Essas associações pleiteiam uma apreciação mais crítica da história polonesa anterior à guerra. Um período no qual partidos nacionalistas já cogitavam, antes da eclosão da guerra, a expulsão dos alemães, enquanto o governo do país mantinha as melhores relações com o regime de Hitler. Houve até mesmo um tratado de amizade entre os dois lados.
Isso é um equívoco. Não se trata de um museu da história teuto-polonesa. Se fosse o caso, poderíamos voltar até os tempos das ordens de cavaleiros. Trata-se, porém, de um Museu da Segunda Guerra Mundial, e a razão desta guerra está, acima de tudo, na expansão ideológica, territorial e militar do Terceiro Reich. Isso precisa ser exposto como a razão principal da guerra.
Mostrar as exigências territoriais da Polônia à Alemanha naquele momento só iria distorcer a imagem da guerra. Antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, não havia na Polônia nenhum grupo político sério, que tenha exigido a expulsão dos alemães ou que tenha feito valer demandas territoriais à custa da Alemanha. A Polônia é que foi invadida. Neste contexto, é preciso fazer valer, acima de tudo, a razão. E avaliar as proporções do que ocorreu.
Como será a inauguração do museu, no dia 1° de setembro de 2009, em Gdansk?
Haverá um encontro de chefes de governo e Estado de diversos países europeus na Westerplatte [península de Gdansk, palco do início da Segunda Guerra Mundial]. A premiê alemã, Angela Merkel, e o presidente russo, Vladimir Putin já confirmaram que virão. Contamos também com a presença dos líderes dos principais países da então aliança anti-Hitler, ou seja, da França e do Reino Unido.
A Westerplatte simboliza a heróica resistência polonesa contra o ataque de Hitler. Ali esteve estacionada uma pequena unidade polonesa, que defendeu o país do 1° ao 9 de setembro. Ali foi assinado o documento de fundação do museu.
Pawel Machcewicz, nascido em 1966, é historiador e diretor fundador do Museu da Segunda Guerra Mundial, em Gdansk. Ele atuou anteriormente no Instituto de Estudos Políticos da Academia Polonesa das Ciências (ISP PAN) e foi diretor do Escritório para Educação e Pesquisa do Instituto para a Memória Nacional, em Varsóvia.

1945: Conferência de Ialta sela ordem do pós-Guerra na Europa

 

Quando a vitória já parecia certa, os Aliados se reuniram de 4 a 11 de fevereiro de 1945 na Crimeia. Aceitação de imposições de Stalin selou fronteiras da futura Cortina de Ferro.

 

Os três grandes líderes reuniram-se de 4 a 11 de fevereiro de 1945 em Ialta, na Crimeia, após mais de cinco anos de guerra e milhões de mortos. Praticamente já ocupada, a Alemanha não estava mais em condições de resistir por muitas semanas. A Itália estava rendida, mas o Japão ainda resistia no Oceano Pacífico.

Embora a Segunda Guerra Mundial ainda não estivesse oficialmente encerrada, Franklin D. Roosevelt, Josef Stalin e Winston Churchill, considerando-se vencedores sobre os nazistas e fascistas, iniciaram a discussão sobre a ordem internacional no pós-Guerra.

A Conferência de Ialta, às margens do Mar Negro, foi uma das três grandes conferências que determinaram o futuro da Europa e do mundo no pós-Guerra (além da de Teerã, em 1943, e a de Potsdam, em meados de 1945). Mesmo que a divisão do mundo não estivesse nos planos das lideranças aliadas neste momento, a Guerra Fria acabou sendo uma das consequências do encontro.

Para o historiador Jost Dülffer, da Universidade de Colônia, Ialta tinha boas chances de estipular uma nova ordem de paz no pós-Guerra: "Foi aprovada uma declaração sobre a Europa libertada e discutiram-se várias questões, cuja solução era apenas parcial. Por fim, eles tiveram que se curvar aos fatos: os russos estavam às margens do rio Oder, no Leste, e os norte-americanos na fronteira oeste da Alemanha".

Polônia, o tema mais controverso

Com relação à Organização das Nações Unidas, que estava por ser criada, decidiu-se a composição de um conselho de segurança com direito de veto. Quanto à Alemanha, as potências aliadas resolveram exigir a "capitulação incondicional" e decidiram dividir o país em três zonas de ocupação.
Os detalhes seriam resolvidos por uma comissão constituída para este fim. Por pressão dos soviéticos, a única decisão tomada foi em relação a reparações e o desmonte de instalações industriais.

A capital polonesa, Varsóvia, estava em ruínas em 1945Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  A capital polonesa, Varsóvia, estava em ruínas em 1945A Polônia foi o tema mais controverso da conferência na Crimeia, em fevereiro de 1945. Temendo o avanço soviético na Europa Central, o premiê britânico, Winston Churchill, e o presidente norte-americano, Franklin D. Roosevelt, planejavam para Varsóvia um governo com legitimação democrática, escolhido através de eleições livres. Enquanto Stalin ressaltava o poder democrático do governo por ele constituído na Polônia, os britânicos salientavam a legitimidade do governo polonês no exílio, estabelecido em Londres.

Churchill e Roosevelt cederam a Stalin

As duas frentes optaram por uma solução consensual: o governo constituído pelos soviéticos foi ampliado em alguns membros apontados pelos aliados. A partir de junho de 1945, entretanto, o governo polonês passou a ser dominado por membros pró-soviéticos.

Stalin ainda conseguiu impor o deslocamento da fronteira soviética para o oeste. Afinal, o aliados ocidentais precisavam do apoio de Moscou contra os japoneses no Oceano Pacífico. A fronteira leste da Alemanha ao longo dos rios Oder e Neisse foi sugestão do secretário-geral do partido comunista soviético. A nova linha divisória viria a delimitar o que mais tarde ficou conhecido como Cortina de Ferro, dividindo o mundo durante quase 50 anos de Guerra Fria.

Em 1946, o próprio Churchill reconheceria: "De Sczecin, no Mar Báltico, até Trieste, no Mar Adriático, transcorre uma cortina de ferro pelo continente. Por trás desta linha estão todas as capitais da Europa Central e do Leste Europeu. Todas as cidades e suas populações estão sob influência soviética. Os acertos feitos em Ialta foram vantajosos demais para os soviéticos.







Mas estas decisões foram tomadas numa época em que ainda não se sabia que a guerra não duraria nem até o fim de 1945, num momento em que achávamos que o conflito com o Japão persistiria pelo menos 18 meses após o final da guerra com a Alemanha".

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